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Fisio em ortopedia

De fisioterapeuta para futuros fisioterapeutas

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Portal Fisio em Ortopedia

1min e 20s de leitura

No conteúdo de hoje, convidamos Lucas Nery, professor e fundador do Portal Fisio em Ortopedia, para um bate-papo sobre carreira. Ao longo da conversa, Nery compartilhou seus principais aprendizados e dicas incríveis para você colocar em prática na sua jornada. Confira!

👩 Olá, Lucas! Para gente começar, você poderia contar como você decidiu se tornar fisioterapeuta? Quais foram as suas principais motivações?

Olá, Joice! Antes de tudo, obrigado pelo convite. Falando um pouco sobre a escolha, inicialmente, a fisioterapia não estava nos meus planos imediatos. Minha primeira escolha foi Ciências da Computação devido ao meu interesse em computadores.

No entanto, após seis meses de curso, percebi que não era o que eu imaginava (risos) e decidi trancar. Foi então que optei pela fisioterapia, motivado pelo meu amor por esportes e pela crença de que encontraria minha vocação na fisioterapia esportiva. Apesar disso, ao longo dos anos da graduação, minha trajetória se direcionou para a fisioterapia neurofuncional. Porém, no último semestre, tive contato com o pilates e acabei mergulhando de cabeça nessa área.

Após a graduação, iniciei minha carreira focando em pilates. Durante esse período, ao me capacitar como professor de pilates, desenvolvi interesse na área da dor. Isso me levou a realizar diversos cursos de terapia manual, obter certificação em osteopatia e, quando percebi, estava com meu próprio consultório, concentrando-me em fisioterapia musculoesquelética e tratamento da dor.

Ah, o pilates acabou se tornando mais um hobby para mim, e já faz uns bons 10 anos desde a última vez que entrei em um estúdio como professor!

👩 Que legal! Você pode compartilhar algumas experiências significativas que teve durante o período de estágio ou durante os anos de formação?

O período de estágio foi desafiador para mim, especialmente porque envolveu estágios hospitalares, um ambiente que eu sabia desde o início que não era o meu preferido e que não desejava trabalhar a longo prazo com esse perfil específico de pacientes. 

No entanto, essa experiência foi fundamental para o meu crescimento profissional. Enfrentar essa situação me ajudou a compreender a importância de cumprir minhas responsabilidades, independentemente do ambiente em que estivesse. Aprendi que, mesmo que não gostasse do local, era crucial me preparar tecnicamente e oferecer o melhor cuidado possível ao paciente que estava diante de mim. Essa compreensão foi crucial para a minha jornada como fisioterapeuta.

👩Na sua opinião, como os estudantes de fisioterapia podem se preparar para o mercado de trabalho e destacar-se durante a busca de emprego?

Em minha perspectiva, a preparação para o mercado de trabalho como fisioterapeuta começa com um forte embasamento técnico. Quanto mais domínio tiver das patologias dos pacientes, bem como das técnicas de avaliação e tratamento, mais confiante e seguro você se torna no dia a dia profissional.

Nos primeiros anos após a formatura, é crucial buscar uma pós-graduação na área em que deseja atuar. Durante esse período, aproveite para se envolver em grupos de estudo e compartilhar experiências com colegas que compartilham os mesmos interesses. Por exemplo, durante minha pós-graduação, organizei um grupo de estudo com quatro colegas.

Realizávamos encontros semanais para apresentar aulas uns para os outros. Essa prática não apenas contribuiu para excelentes resultados acadêmicos, mas também desenvolveu habilidades fundamentais para nossa profissão, como comunicação, adaptabilidade, profissionalismo, liderança e empatia.

👩 Como escolher a área de atuação? Isso acontece ao longo da formação? 

Acredito que, dentro da fisioterapia, os estudantes geralmente se encaixam em dois grandes grupos.

Aqueles sem uma área específica em mente: Esses alunos precisam explorar as diversas especialidades da profissão. Durante os estágios, é crucial conversar com os preceptores, observar as rotinas de cada área e considerar elementos como ambiente, horários de trabalho, entre outros. No meu caso, por exemplo, sempre soube que trabalhar em um hospital ou em uma UTI não era para mim. Além de não me identificar com as atividades desses ambientes, também sabia que não me adaptaria à rotina de plantões.

Aqueles que já tem uma afinidade ou já sabem a sua área de atuação: Esse foi o meu caso! Todavia você precisa saber que isso também pode mudar. Então aqui a dica é: não se fechar completamente para outras possibilidades! Inicialmente interessado na área esportiva, ao longo do curso desenvolvi certeza em relação à neurofuncional, mas no final optei por trabalhar com pilates!

👩 Pode compartilhar algum conselho para lidar com desafios comuns que os estudantes de fisioterapia enfrentam durante a graduação e os estágios? 

Olha, talvez meu maior conselho seja decidir o mais rápido possível se a fisioterapia é realmente a profissão que você deseja abraçar. Assim que essa decisão for tomada, você começará a enxergar sua jornada acadêmica com uma perspectiva diferente. Seus colegas de classe passam a ser seus futuros colegas de trabalho (e quem sabe sócios?), e os professores à sua frente se transformam em mentores. Isso naturalmente eleva o seu nível de dedicação e comprometimento.

Eu sei que a escolha da profissão ocorre em uma fase inicial da vida, e a ficha às vezes demora para cair. Eu também tive problemas com isso! Contudo, quanto mais rapidamente tomarmos essa decisão, mais proveitosos serão os momentos ao longo dessa jornada. Afinal, ao entrar numa faculdade, não estamos apenas embarcando em um curso, mas sim iniciando uma trajetória profissional repleta de aprendizado e oportunidades.

👩 Quais são as tendências atuais na fisioterapia que os estudantes devem estar cientes e considerar ao planejar suas carreiras? 

Falar sobre a Prática Baseada em Evidência como uma “tendência” na fisioterapia pode soar até estranho, mas ao longo dos meus 14 anos de formado, percebo a importância de reforçar essa mensagem (risos). 

O termo ‘Medicina Baseada em Evidência’ frequentemente gera perguntas de pacientes, como: ‘Mas medicina não é sinônimo de ciência?’. Surpreendentemente, essa conexão ainda não está clara para muitos profissionais de saúde, e o mesmo ocorre dentro da fisioterapia.

Portanto, é crucial internalizar a ideia de que fisioterapia = ciência. Cada paciente que entra em seu consultório pressupõe que você está aplicando técnicas e procedimentos cientificamente comprovados. Por isso, é fundamental se manter atualizado por meio de artigos, compreender a interpretação dos achados de estudos, diferenciar uma pesquisa robusta de uma menos confiável e seguir as principais diretrizes clínicas para avaliação e tratamento dos pacientes. E, por favor, se você está lendo esta mensagem: dentro do seu consultório deixe de lado suas crenças e vaidades, mantenha sempre o bem-estar do paciente em primeiro lugar.

👩 Quais são as maiores recompensas e desafios de ser um fisioterapeuta? 

Olha, costumo dizer que os desafios na nossa profissão são proporcionais às recompensas. Os primeiros anos são particularmente desafiadores, sentindo-se como se estivesse no meio do oceano sem dominar totalmente o barco. Cada paciente traz consigo uma mistura de nervosismo e insegurança. Muitas vezes, você está tentando disfarçar a expressão de medo. Enfim, até construir uma sólida base teórica e prática, você vai vivenciar diversas aventuras! (risos).

Mas como mencionei, todo esse desconforto se paga ao receber uma mensagem de agradecimento, um feedback positivo ou até mesmo uma indicação de um paciente satisfeito. Essas são as verdadeiras recompensas que fazem valer a pena todo o esforço.

👩 Como é o processo de atualização profissional e a importância de estar atualizado com as últimas pesquisas e técnicas na área? 

Eu costumava brincar com meus alunos quando lecionei no curso de fisioterapia: ‘Se ninguém lhes disse que, como fisioterapeutas, estudar será parte da rotina de hoje até a aposentadoria, infelizmente, serei a pessoa que dará essa notícia.’ (risos).

Sendo bastante sincero, no início, a ideia de estudar constantemente pode ser um pouco desesperadora! No entanto, à medida que você se envolve em uma área específica da fisioterapia e começa a atender um determinado perfil de cliente, naturalmente, surge o interesse em conhecer as últimas pesquisas, saber se há novas informações para compartilhar com seus pacientes, ajustes a serem feitos em seus tratamentos, entre outras coisas.

Isso acaba se tornando uma rotina, e quando passamos um tempo sem nos atualizarmos, a sensação de insegurança começa a surgir. E vale ressaltar a importância de se atualizar com conteúdo de qualidade, pesquisas relevantes, participar de congressos sérios e conectar-se com profissionais comprometidos com a ciência.

👩 Por fim, que conselhos você daria aos estudantes de fisioterapia que estão prestes a se formar e ingressar no mundo profissional? 

Vou oferecer um conselho um pouco diferente dos convencionais, tanto os que já dei quanto os que já recebi ao longo da minha vida profissional. Aqui vai: Desenhe sua carreira em um papel! Isso mesmo, pegue uma folha de papel (ou abra o Paint no computador) e trace os passos que pretende seguir nos próximos anos. Crie uma linha do tempo, estabeleça metas salariais para cada período e identifique o que é necessário para progredir nessa jornada. P.S: Seja realista! Um professor pode te ajudar muito aqui 🙂

Uma sugestão: comece pelo final. Coloque onde deseja chegar para se sentir realizado(a) profissionalmente. Por exemplo, eu, Lucas, queria ter meu próprio consultório, atendendo pela manhã/tarde, e também lecionar para graduação à tarde/noite.

Partindo deste ponto, comecei a pensar: ‘Para lecionar, seria interessante ter um mestrado’, ‘Para ser um bom clínico, seria útil fazer este e aquele curso’. Ao construir esses cenários, calculava o tempo necessário para cada etapa e o que precisaria adquirir para me capacitar para a etapa seguinte.

É claro que muitas coisas podem mudar ao longo do caminho, mas em minha jornada, ter um plano me ajudou a manter o foco e visualizar os próximos passos da minha carreira.

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